A história recente da direita política tem sido a história da apropriação de certo arcabouço simbólico revolucionário. Primeiro, roubaram o termo "libertário", que era o termo usado para designar os anarquistas (também chamados de socialistas libertários). Depois, apareceu o tal diagrama de Nolan, ou gráfico de Nolan, tão usado atualmente e cujo criador fazia parte da galera que roubou o termo "libertário" para a direita nos Estados Unidos.
Eis o maldito. |
O gráfico é uma das ferramentas para, após o surgimento da "esquerda identitária", ou "pós-moderna" - uma esquerda mais comprometida com as pautas de costumes e cultura, que propriamente econômicas e de classe -, tentar desassociar as pautas progressistas da esquerda e, ao mesmo tempo, desassociar as conservadoras da direita. Não por acaso, o diagrama foi criado em 1969. Um ano após o famoso Maio de 68, mesmo ano de Woodstock e no auge da contracultura. Uma bela peça de marketing político.
Meados da década de 70 e a juventude "que queria mudar o mundo" sem passar pela organização de classe, já havia percebido que a coisa havia desandado, o capitalismo ia absorvendo essa esquerda identitária em doses homeopáticas. No Brasil, Belchior já cantava 'como nossos pais' e os morangos já haviam mofado sem nem sair do pé.
50 anos depois, o estrago está feito. Aberrações conceituais como "anarco-capitalismo", monarquistas libertários, um "partido da mulher brasileira" sem mulheres, vereadores gays conservadores filiados ao DEM, são a realidade. É galera falando que o nazismo, a globo, a mídia e o próprio Estado, enquanto estrutura, são todos esquerdistas. Enquanto isso, a direita, ao mesmo tempo que advoga por todo o conservadorismo mais tacanho, flertando até mesmo com soluções autoritárias, se tornou, no discurso, a guardiã da liberdade.
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