Cavaleiros do Zodíaco, nostalgia e o fim do futuro

Eu tava lendo Saint Seiya Next Dimension recentemente. Embora muita gente não saiba, é a continuação oficial de Cavaleiros do Zodíaco depois da Saga de Hades.

É horrível. A fórmula é batida, o desenho do Kurumada sempre foi esquisito, os diálogos são toscos, as lutas são previsíveis, é feito pra vender boneco com armadura articulada. É horrível. O mangá original, também é.

Mas eu gosto tanto daquilo. Todo mundo sabe que num mundo sem futuro como o nosso, essa coisa da nostalgia tá em alta. No cinema são remakes, nos videogames também, além de reedições, edições definitivas, remasterizações. É preciso sugar até o último centavo de uma franquia com público cativo e qualquer potencial de fazer dinheiro. Ninguém quer saber de futuro, porque sob o neoliberalismo não tem futuro.

Ikki vai continuar salvando Shun, ex machina. Shiryu vai continuar perdendo a visão toda saga, Seiya vai continuar vencendo pelo poder do amor, Yoga... ninguém liga. E a gente vai continuar sem futuro, num constante estado de regressão psicanalítica para não surtar. 

"Uma nostalgia liga o sujeito ao objeto perdido", disse Lacan, para falar de outras coisas. Mas quando o objeto perdido é o próprio futuro, não há processo psíquico para superar essa perda, voltamos às doze casas. Bonecos são vendidos.

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